sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Pense no Haiti, Reze pelo Haiti


Texto publicado na coluna Expresso da Bola, do portal Globo.com:
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"Pense no Haiti, Reze pelo Haiti..."
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Visitei duas vezes o Haiti, uma delas a trabalho, em um dos dias mais emocionantes da minha vida. Tive o privilégio de acompanhar a seleção brasileira de futebol no “amistoso da paz”, em Porto Príncipe, e, principalmente, no desfile para um milhão de pessoas nas ruas da capital do país. Mais ainda, o destino me colocou no mesmo carro blindado da ONU em que estavam Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho. Acompanhei e filmei, a centímetros de distância, a incrível explosão de sentimentos vividos naquela tarde quente como um caldeirão. Quente como… Não, não quero falar em inferno.

Conforme passávamos por bairros miseráveis e centenas de containers velhos, improvisados como residências para várias famílias; eu sentia o choque da miséria extrema e, ao mesmo tempo, a imensa alegria de estar ali, vendo aqueles homens e mulheres - de repente, magicamente, em um estalar de dedos - pulando de felicidade. Uma felicidade sincera, transbordante e linda.
Nossa, como pode ser fácil fazer uma pessoa feliz…! Como pode alguém passar por tanto sofrimento e, de repente, à luz de um olhar, ao encanto de uma “brincadeira” qualquer; sair cantando de alegria pelas ruas…? Como o futebol é importante! Mas, ao mesmo tempo, por que o encanto vai acabar tão rápido? Por que tudo tem que ser deste jeito? Por que tantas existências desperdiçadas, tanta gente condenada a algo que não é morte nem vida. Foram muitas as perguntas e sensações embaralhadas em um dia pra lá de intenso e, de verdade, inesquecível.

Já estive em países absolutamente miseráveis, como Burkina Fasso, Níger e Mali; mas o Haiti foi o mais impressionante.
Hoje, ao ver as imagens da desgraça que sacudiu mais uma vez os caminhos daquela gente que só faz sofrer, as perguntas retornaram como pesadelo. Poucas respostas na sequência. Quase nada. Quase nada. O futuro daquela gente, infelizmente, é quase nada. O presente é quase nada. Quase nada.
Por isso, neste momento em que todo o planeta chora pelo Haiti, prefiro rever as imagens de um dia mágico. Certo de que, sem pão e educação, não há dignidade; mas sem arte e paixão também não há felicidade. Prefiro acreditar que a felicidade, por meio segundo que seja, já faz diferença. Faz, de algum modo, valer à pena.

Há muito tempo, Caetano e Gil já pediam a cada um de nós: “pense no Haiti, reze pelo Haiti…”. Até quando, meu Deus…? Até quando? Juro que prefiro não responder.

Para quem se sensibiliza com a causa e quer realmente ajudar, clique aqui e descubra diversas maneiras de contribuir. Pode parecer pouco perto das quantias milionárias que os países desenvolvidos - diga-se de passagem, numa atitude bastante digna e nobre - estão mobilizando para tentar dar algum consolo aos haitianos.
Mas em um momento delicado como este, qualquer forma de apoio é bem vinda.
Eu já fiz a minha parte. E você?
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